Igreja, religião e
espiritualidade são assuntos muito próximos e ao mesmo tempo extremamente diferentes.
Certa vez uma amiga concluiu que eu era mais espiritualizada que muita beata de
igreja por aí. Não estou me gabando disso não, foi só um comentário a meu
respeito que achei interessante.
Há mais ou menos três
anos eu estava assistindo à missa em comemoração ao aniversário de Santa Rita,
para quem não sabe Santa Rita sofreu muito durante sua vida: ela queria ser
freira, mas por pressão da família, tendo em visa o fato de ser filha única,
acabou casando-se com um homem que a espancava, estuprava, enfim, a violentava
de diversas maneiras, mas ela, sempre serva dos bons costumes nunca cogitou
separar-se dele, claro que tem muito mais, contudo essa é a parte que importa
no momento.
Dentro desse
contexto, o padre, em uma comunidade simples, foi no mínimo infeliz, ao
comentar a vida sofrida que a santa teve, não por falar da santa, mas por dizer
que hoje em dia as mulheres não são lutadoras, que tudo é motivo para separar,
Santa Rita apanhava do marido e nunca quis separar, hoje em dia o marido fala
mais alto e a mulher já quer voltar para a casa dos pais, as mulheres tem que
ter Santa Rita como exemplo.
Ao ouvir um
disparate desse vindo do padre a minha vontade foi levantar e ir embora, mas
para não causar confusão fiquei lá escutando as sandices de alguém que não mede
as palavras, não para para pensar que algumas ou muitas que estavam escutando o
sermão da noite passam por situações semelhantes e estavam sendo encorajadas a
continuar apanhando, sendo oprimidas, violentadas, e caladas que é para ser
exemplo de cristã. Agora me diga, de que vale ser santa depois de morta?
Outro dia fui a um
culto aberto para visitantes e o pregador dizia que você que ainda não acordou
para a vida e fica aí na macumba, nós somos a salvação! Venha para a nossa
igreja, essa história de adorar santos não tá com nada e por aí foi todo o
texto de preconceito e intolerância. Mais uma vez não me levantei e fui embora
para não causar ainda mais confusão. E eu pergunto, não é Deus a salvação?
E dentre vários
outros eventos marcados por "deslizes" fui a uma confraternização de
uma igreja e durante uma conversa com os presentes, a pessoa que falava entrou
no assunto aborto, pensei que aí ele ia se perder, mas não deu tempo, antes do
aborto ele criticou o pensamento de abortar, a rejeição que as crianças sofrem
antes mesmo de nascer, existem estudos que comprovam que as crianças sentem
ainda na barriga toda essa rejeição, crianças que nascem e que muitas vezes são
abandonadas, isso tudo causa um transtorno para a sociedade.
TRANSTORNO PARA A
SOCIEDADE? E É ISSO? SÓ? A vida dessas crianças, que quando conseguem crescer,
tornam-se adultos cheios de dificuldades e problemas de relacionamentos ainda
referidos à rejeição que sofreram, adultos talvez com problemas relacionados a
drogas e violência, adultos filhos da superação que carregam cicatrizes, enfim,
uma infinidade de adultos, cada um com a sua adversidade, e são só um
transtorno para a sociedade?
Prefiro seguir a
minha vidinha de errante a ser hipócrita e acreditar que por estar na igreja a
minha alma está salva. De adianta ir à igreja e só ajudar o próximo se ele for
da igreja? De que adianta ser da igreja e não ter tempo para a família por
estar envolvido demais com as atividades da igreja? De que adianta ser da
igreja e não conseguir enxergar que todos são iguais, independentemente de suas
roupas, credo, cor ou seja lá o que for?
P.S: Esse foi só
mais um texto desabafo, não tenho nada contra a igreja, acho a igreja muito importante
para a base de um cidadão. O ponto aqui é a viseira que alguns colocam usando a
igreja como desculpa. Em nome da igreja vale matar, é preciso morrer, tem que
calar. NÃO!
Um comentário:
Vivemos na ilusão.
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